LDO 2026 de Maceió
PLDO 2026 de Maceió
FINANÇAS PÚBLICAS
Prof. Me. Diego Farias
5/20/20255 min read


1. Contexto Econômico e Macrofiscal
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 de Maceió é desenvolvido em um contexto de transição entre ciclos de planejamento, marcado por significativas mudanças na política tributária nacional. A reforma tributária em curso introduz variáveis que afetam diretamente a previsibilidade da arrecadação do Imposto Sobre Serviços (ISS) e das transferências constitucionais, particularmente o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Essas incertezas podem impactar a capacidade de planejamento financeiro do município, exigindo uma análise detalhada dos possíveis cenários econômicos e a implementação de estratégias de mitigação de riscos para garantir a sustentabilidade fiscal e a eficiência na gestão dos recursos públicos.
Indicadores Macroeconômicos de Referência:
Indicador
Valor Projeção (2026)
PIB Nacional
+1,7% (Boletim Focus)
Inflação (IPCA)
4,5%
Crescimento Receita Previsto
6,5%
2. Avaliação Fiscal Recente (2024)
A Prefeitura demonstra um resultado fiscal robusto:
Indicador
Valor
Receita Total Realizada
R$ 5,02 bilhões
Meta Prevista (Receita)
R$ 4,3 bilhões aprox.
Resultado Primário
- R$ 797 mil (próximo do zero)
Meta Inicial (Primário)
- R$ 297 milhões
Dívida Consolidada Líquida
R$ 4,4 milhões (queda de 95%)
Comentário: Há um forte comprometimento com o equilíbrio fiscal e a disciplina na execução das metas, o que é crucial para manter a capacidade de investimentos e a credibilidade perante os credores. A manutenção do equilíbrio fiscal não apenas assegura a sustentabilidade das finanças públicas, mas também fortalece a confiança dos investidores e credores na capacidade do município de honrar seus compromissos financeiros. A disciplina na execução das metas orçamentárias é essencial para evitar déficits fiscais e garantir que os recursos sejam alocados de maneira eficiente e eficaz, promovendo um ambiente econômico estável e previsível. Além disso, a adoção de práticas de gestão financeira responsáveis contribui para a redução do custo de captação de recursos, permitindo ao município acessar financiamentos em condições mais favoráveis e, consequentemente, ampliar sua capacidade de investimento em projetos estratégicos e de desenvolvimento.
3. Projeções para 2026
Item
Projeção 2026
Receita Total Estimada
R$ 5,12 bilhões
Despesa Primária Prevista
R$ 4,43 bilhões
Resultado Primário (com RPPS)
- R$ 519 mil
Dívida Consolidada/ RCL
Abaixo de 0,02%
Análise: Apesar do déficit primário marginal, o município mantém sua sustentabilidade fiscal, demonstrando uma gestão financeira robusta e eficiente. O nível de endividamento é praticamente nulo, o que reflete uma política de controle rigoroso das despesas e uma estratégia eficaz de arrecadação de receitas. A preservação da sustentabilidade fiscal, mesmo em face de um déficit primário, indica que o município possui mecanismos de ajuste fiscal e uma capacidade de resposta rápida a variações econômicas. Além disso, a ausência de endividamento significativo proporciona ao município uma maior flexibilidade financeira, permitindo a alocação de recursos para investimentos estratégicos e o fortalecimento da credibilidade junto aos credores e investidores. Essa abordagem prudente e proativa na gestão das finanças públicas é essencial para garantir a estabilidade econômica a longo prazo e promover o desenvolvimento sustentável.
4. Renúncias Fiscais e Compensações
Item
Valor Estimado 2026
Renúncia Fiscal Total
R$ 69,9 milhões
Margem de Expansão
R$ 72,9 milhões
A renúncia fiscal está concentrada em incentivos relacionados ao Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e à Taxa de Lixo. A existência de uma margem de expansão econômica que supera a renúncia fiscal permite que o município dispense o aumento de impostos, adotando uma estratégia de estímulo à economia sem comprometer o equilíbrio fiscal. Essa abordagem visa fomentar o crescimento econômico ao reduzir a carga tributária sobre os contribuintes, incentivando investimentos e o consumo. Além disso, a manutenção do equilíbrio fiscal é assegurada pela gestão eficiente das receitas e despesas públicas, garantindo que a renúncia fiscal não resulte em déficits orçamentários. A estratégia de renúncia fiscal, portanto, é implementada de maneira a promover o desenvolvimento econômico sustentável, ao mesmo tempo em que preserva a saúde financeira do município.
5. Previdência (RPPS)
Regime
Situação Atual (2024)
Fundo Capitalizado
Superávit e saldo > R$ 1,2 bi
Plano Financeiro
Deficitário, exige aporte do Tesouro
Apesar de parte do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) ser superavitária, o plano financeiro tradicional requer atenção especial devido às suas características específicas e desafios inerentes. O município tem implementado medidas de adequação fundamentadas em avaliações atuariais detalhadas, visando garantir a sustentabilidade a longo prazo e a solvência do plano. Essas avaliações atuariais são essenciais para identificar possíveis desequilíbrios e projetar cenários futuros, permitindo a adoção de estratégias de mitigação de riscos e ajustes necessários. A abordagem proativa na gestão do plano financeiro tradicional reflete o compromisso do município com a responsabilidade fiscal e a eficiência na administração dos recursos previdenciários, assegurando a proteção dos beneficiários e a estabilidade das finanças públicas.
6. Riscos Fiscais Mapeados
Risco
Grau de Severidade
Crescimento de precatórios
Crítico
Rigidez da folha com atual PCCS
Elevado
Frustração do ISS e IPTU (informalidade)
Moderado
Queda do FPM (arrecadação federal)
Elevado
Eventos climáticos ou sanitários emergenciais
Moderado a Elevado
Medidas Mitigadoras:
Reserva de contingência (mínimo de 0,5% da RCL)
Limitação de empenhos (Art. 9º da LRF)
Reavaliação periódica das metas
Atuação corretiva jurídico-administrativa
7. Estratégias Fiscais para 2026
Modernização da arrecadação
Revisão de programas com baixa efetividade
Implantação do IQGO – Índice de Qualidade do Gasto Orçamentário
Revisão de renúncias fiscais
Fortalecimento da transparência e participação popular
8. Análise Crítica e Recomendações
Pontos Fortes:
Disciplina fiscal e foco no equilíbrio orçamentário
Queda expressiva da dívida pública
Modernização da gestão e transparência
Capacidade de investir mesmo sem aumentar impostos
Pontos de Atenção:
Dependência relevante de transferências constitucionais (FPM e ICMS)
Rigidez da despesa com pessoal – possível entrave ao ajuste fiscal
A transição para a nova tributação (IBS) pode gerar perda temporária de arrecadação
Plano financeiro do RPPS requer constante aporte do Tesouro
Recomendações Técnicas:
Priorizar a reforma do PCCS com base em capacidade fiscal e meritocracia
Aumentar fiscalização e combate à sonegação, especialmente no ISS e IPTU
Revisar e monitorar a efetividade dos programas com foco no custo-benefício
Reforçar o planejamento intersetorial com base no novo PPA 2026–2029
9. Conclusão
O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) 2026 da Prefeitura de Maceió reflete uma maturidade fiscal consolidada e um compromisso inabalável com a responsabilidade na gestão dos recursos públicos. A robustez da arrecadação, aliada a uma gestão eficiente da dívida e a um planejamento de médio prazo bem estruturado, posicionam o município em uma situação de resiliência frente às incertezas econômicas nacionais e internacionais. A implantação do Índice de Qualidade da Gestão Orçamentária (IQGO) e a atenção meticulosa à qualidade do gasto público evidenciam um avanço significativo em governança pública. Essas iniciativas não apenas promovem a transparência e a eficiência na alocação dos recursos, mas também fortalecem a credibilidade do município perante investidores e credores, assegurando a sustentabilidade fiscal e a capacidade de investimento em projetos estratégicos de desenvolvimento.

